O desvínculo ![]() Oggerhuld, Old Man of Coniston, 17 de abril de 2018 - 03h45AM “Ela parecia insanamente poderosa no meio daquele campo de fogo. O cenário já não favorecia em pensamentos positivos, com uma verdadeira tempestade de destroços das Ruínas do Templo de Oggerhuld mesclando-se às árvores e aos pedregulhos próprios do terreno da montanha, que se degradava de acordo com o poder irradiado pela magia ancestral concentrada naquele lugar – mas para todo o caso, ver Olimpia intacta no meio de um campo minado de feras monstruosas feitas de fogo eterno proveniente de magia negra dava uma visão gratuita do que deveria ser o inferno. A Imperatriz das Trevas era claramente apta em magia, e o modo como ela a praticava era assustador, com sua varinha negra controlando uma Hidra de Lerna de sete cabeças logo num estreito dali e sua mão livre mostrando seu indicador cheio de anéis e runas tomando posse do restante da tormenta flamejante. A varinha de Lorcan já estava gasta depois de tanto esforço apenas naquele momento – e mesmo depois de sobreviver à tantos duelos épicos e demonstrar um potencial ilustre, não-curvada e indestrutível, uma ruptura em sua lateral desenhada era visível, prestes a falhar pela primeira vez no comando de seu mestre. Os fios loiros do cabelo do bruxo que a conduzia em giros no ar tinham fagulhas das chamas que o cercava em um anel, e seus trajes de inverno já o incomodavam de uma forma anormal, junto das feridas e queimaduras espalhadas na sua pele suja de fuligem; mas nada, no entanto, podia pará-lo com aquele plano; um plano suicida na sua situação atual ou em qualquer outra. Ele novamente desafiou o poder imenso de Olimpia, juntando todo o seu fogaréu mágico num paredão, desfazendo suas feras em demorados segundos, vide seu relutar. Opus estava ali também, consumido, esgotado, ao lado de Lea, que arriscava qualquer tentativa de alvejar a bruxa das trevas com um lampejo proveniente de sua varinha. Lorcan o olhava constantemente e lhe passava um sinal transmitido entre eles dois várias vezes naquele último ano (aquele olhar de ‘’nós vamos morrer, uma ajuda?’’) pelas suas íris desesperadas. Amanda remexia-se ao chão, e mesmo tendo sido alvejada por uma maldição asfixiadora suficientemente forte para matá-la, seus instintos de sobrevivência lhe forçavam a permanecer alerta. O loiro ergueu-se ao lado de Westerholt, e não tardando, o salgueiro de Halvorsrud rodopiou no ar e quase toda a fibra de coração de dragão de seu interior fora consumida quando de sua essência, irromperam-se chamas pouco graciosas e imponentes, que formaram um arco no ar e modelaram uma fera fumegante de Fogomaldito, juntando-se ao globo de fogo que já não suportava mais ser contido pelo líder do grupo. E ele largou aquele fardo absurdo no segundo seguinte. A muralha de fogo explodiu ao comando de Lorcan, que gritou ao girar seu braço e conduzir as chamas manipuladas pela sua varinha até o estreito da caverna em ruínas, com mais e mais escombros degradando-se e parecendo cair do céu – embora fosse apenas resultado do poder irradiado pelo objeto dourado que girava constante no meio de uma aurora boreal mágica em tons de dourado. Lance necessitou de paralisar-se para não ser alvo das chamas, caído no chão, tendo desviado do alvo de magia da dupla recente e consequentemente cessado o duelo indireto com a Howffer. Olimpia precisou deixar de tentar irromper mais chamas para apreciar o espetáculo de magia, mas quando tentou pará-lo, já era tarde demais. O petroso pedaço talhado por Runas Antigas fora atingido por todo aquele inferno, e depois, um círculo extraordinariamente poderoso irrompeu em dourado, cessando toda e qualquer ação mágica ali ocorrendo, desimpregnando os resquícios de magia antiga da taça prateada lá no alto. A nitescência provocada pela abundância de vigor presente na relíquia de Herpo, O Sujo, ia sendo ofuscada aos poucos quando a rocha fora alvejada pelas chamas dançantes concentradas pelas varinhas dos jovens que foram lançados às mais distantes direções quando atingidos pela última explosão de magia da taça; e eles não foram os únicos. Toda a caverna sofreu daquele último terremoto, todo o Monte Oggerhuld fora desestruturado pelo seu caos recorrente, toda a Grã-Bretanha clamou pela permanência de seus últimos vestígios arruinados de sobrevivência e todo o mundo sofreu do desastre fornecido pelo desunir de um elo com uma magia realmente antiga – uma magia que se separou em ar e terra, impregnando-se livremente por onde quisesse permanecer.” |
O Amanhecer da Ascensão ![]() Londres, Reino Unido, 17 de abril de 2018 - 06h00AM “A caída Torre do Relógio do edifício do Parlamento de Londres parecia mais uma grandiosa massa escura naquele fim de uma madrugada tensa. Sua arquitetura extremamente preciosa não se dedicava tanto a restaurar sua antiga e perdida beleza – seu sino de quatorze toneladas pendia por um lado de uma das faces de seu topo, onde seus relógios jaziam fora de seus suportes, destruídos há algum tempo por uma força anormal e desconhecida, embora para qualquer um que visse o estado do monumento londrino mais famoso, parecesse mais um desastre ocasionado por mágica. E de fato, convenhamos que foi. O Palácio de Westminster era a única construção que resplandecia uma penumbra usualmente maior que a do Big Ben, com sua estrutura neogótica imponente e histórica totalmente desgastada. Duas de suas torres já não jaziam mais em pé, e nem mesmo o Grande Fogo (evento incendiário ocorrido em 1666) poderia ser uma produção comparada ao tamanho caos instalado no lar parlamentar. As vidraças do gigantesco palácio já não existiam, com seus cacos espalhados por todo o lugar em alcance de visão livre, visto de qualquer ângulo, por qualquer espécie. O que restava da estrutura derrubada do Big Eye parecia afundar cada vez mais no Rio Tâmisa, com seus tremeliques e raios metálicos perfurando alguns escombros do London Dungeon em uma das margens, embora parte do estrago focasse nas águas escuras, sujas e manchadas de todo o tipo de poluição da catástrofe ocasionada ali – onde os barcos turísticos sobreviventes permaneciam flutuando mesmo depois de quase sete meses, quando a capital londrina começou a ser alvo de ataques de bruxos das trevas e mesmo do poder imensurável de um container de magia ancestral que só agora mostrava seu potencial: a Taça de Herpo, O Sujo. A primeira centelha da luz solar emergiu, vitoriosa, egocêntrica, poderosa. Quando os raios impunes de puro resplendor provenientes do início de mais um dia começaram a surgir, junto vinha ali a esperança. Sem muita pressa, eles davam vida às sombras preguiçosas e matutinas, como se fosse apenas uma prova de que aquele era o momento para respirar de alívio. Não mais que duas horas atrás, a razão de todo aquele apocalipse tivera seu poder finalmente usurpado, arrancado, desvinculado. Os participantes desta ação heroica poderiam estar finalmente olhando para o céu neste exato momento, pensando, sem necessidade de preocupar-se tanto com as consequências desta ação, no que seria dali em diante. Eles tinham não apenas um país inteiro como um continente, e provavelmente, todo um mundo precisando de conserto – mas naquele nascer do sol, nada disso era importante. Os últimos resquícios de escuridão eram eliminados de um céu tão escuro quanto o coração da manipuladora de uma causa tão destrutiva que deixara o mundo há pouco. A aparição primária do sol trazia consigo o amanhecer da vida, da recompensa, da ascensão. Mas não apenas dela. A Nova Era proporcionou momentos ilustres de uma destruição global com a destruição da fixação da poderosa taça criada há milênios, dispersando uma quantidade incalculável de magia pelos seus terrenos de origem. Os arautos do futuro haviam escrito, no entanto, que aquele momento havia de acontecer – e com ele, uma ameaça maior do que a anterior poderia ou não surgir, contabilizada pelo seu querer, manipulada pelo próprio livre arbítrio. Olimpia Howffer, a Imperatriz das Trevas que coagulou tamanha catástrofe em cinco continentes de forma que ninguém nunca imaginara pensar fazer anteriormente, procurava fazer disso o fim de uma era para que ninguém mais pudesse desfrutar de magia que nem mesmo ela conhecia – e mesmo assim, nada do que ocorreu comparou-se ao que foi previsto para ser o verdadeiro fim do mundo. O bem e o mal foram parte de uma equilibrada força mágica. Representada num imponente curso ao interior da relíquia poderosa que os continha, eles controlavam seus instintos de oposição aos padrões entre si mesmos, presos em um ciclo de repetição indomáveis, vide a grandiosa quantidade de magia lhes proposta canalizada por tantos anos. Não mais.” |